quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Pranto

Está frio, muito frio um vento ríspido e cortante me atinge de forma impiedosa e nem mesmo meu agasalho e a janela do carro entre-aberta são capazes de me proteger.
Em meio a isso ouço um grunido estridente e de desespero suspeito ser um cachorro que acaba de passar do lado do carro mas não era pois seu latido possuia algo menos bruto e instintivo doque o grunido desesperado.
Quando me dou conta vejo algo que preferia não crer o grunhido que julgava ser de um animal era na verdade de um homem, isso mesmo um ser humano manifestando toda sua angustia e animalidade em meio ao mais humano e ao mesmo tempo mais primitivo primitivo sentimentos o do sofrimento.
Sofrimento este manifestado da forma do pranto, um pranto sincero em meio a soluços e angustia, era sua alma se expandindo para o exterior querendo se libertar do corpo sofredor, corpo pequeno e limitado demais para armazenar tanto sofrimento.
Queria extravasar, dividir esse sofrimento com o Universo, assim como um bêbê chora para quando tem fome e seus pais o atendem, com carinho.
Só que dessa vez em meio ao frio esse homem não tinha onde se abrigar e em meio ao pranto o Universo ao contrário dos pais não o acolheu
Seu pranto foi mudo
O Universo não ouviu...
...
PR

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